Num discurso duríssimo, em
que falou da concentração de renda e de terras no Brasil, dos índices de
criminalidade, das desigualdades sociais, da péssima situação da educação e de
outras mazelas, Requião igualou o PT — de quem é, formalmente, aliado — ao PSDB,
afirmando que os dois partidos e respectivos governos se curvaram e se curvam
às exigências do “neoliberalismo”, a seu ver desmoralizado no mundo após a
crise de 2008.
Criticou, ainda, sem
mencioná-los pelo nome, os três principais candidatos à Presidência — a
presidente Dilma Rousseff (PT e outros partidos), o senador Aécio Neves (PSDB e
outros) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) –, afirmando
enfaticamente que eles nada farão para mudar um estado de coisas que prejudica
os pobres e enriquece ainda mais os ricos.
Lamentou que seu partido, o
PMDB, tenha se desencaminhado a ponto de hoje não mais ter identidade,
limitando-se a “carimbar” as decisões do governo no Congresso e, vez por outra,
alinhar-se com o PSDB em defesa de projetos tucanos.
No diagnóstico da atual
situação do país, Requião fez um discurso mais radical do que os mais radicais
feitos por Lula no passado.
No parte do discurso em que
propõe soluções para o Brasil, caso eleito, atribui um papel tão predominante
do Estado na economia e na vida do país que faria o general Ernesto Geisel,
penúltimo presidente da ditadura militar, parecer um privatista de carteirinha.
São mínimas chances de
Requião tornar-se candidato do PMBD — que é aliado de Dilma e tem seu vice,
Michel Temer, assim pretendendo continuar. Mas seu discurso mostra que, se
Dilma tem problemas com os fisiológicos do partido, que querem gulosamente mais
fatias do poder, fica agora sabendo que também os ideológicos que restam ao
PMDB estão mais insatisfeitos com seu governo ainda.Coluna do Ricardo Setti.
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