quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Rosalba Ciarlini e o poder para "fazer acontecer" (ou não)

Tenho conversado com muita gente sobre os primeiros nomes da lista de futuros secretários do Governo Rosalba Ciarlini (DEM). Sinto uma ponta de decepção.

Quase nenhuma surpresa surgiu até aqui. Filme repetido - em preto e branco - com velhos figurantes.

Alguns nomes parecem saídos de armários tomados pela naftalina.

O que esperar da gestão Rosalba Ciarlini (DEM)?

Já disse e repito: será um governo convencional, bom. Capaz de dar uma arrumação na máquina estatal e se fazer presente em todo o estado, com obras de visibilidade.

Na verdade, não espero nada de extraordinário e inovador, algo que possa ser tipificado como de vanguarda e copiado noutros territórios federados. Não se trata de descrença ou torcida do contra.

É análise com base no que está posto e em histórico gerencial do seu grupo. Espero estar errado e ser surpreendido.

Foi assim em sua passagem em três mandatos pela Prefeitura de Mossoró: bons governos convencionais, politicamente personalistas e de marketing eficiente.

Os grupos políticos que comandam a cena de poder no Rio Grande do Norte são extremamente parecidos, quase siameses. Previsíveis. Seus "times" são conhecidos e às vezes até se misturam num mimetismo que impressiona.

Rosalba terá em seu elenco de auxiliares figuras que já foram dos governos José Agripino (DEM), Garibaldi Filho (PMDB) e da arqui-adversária Wilma de Faria (PSB).

A elite política que temos é de mentalidade centralizadora, oligarca, personalista, reducionista e excludente. Não costuma dar espaço ao novo e à inteligência alternativa. Por isso que as gestões das últimas décadas são tão parecidas.

Os governantes que de algum modo mudaram ou tentaram mudar esse diapasão nos últimos 50 anos foram Aluízio Alves (1961) e Cortez Pereira (1971). Depois tivemos o óbvio ululante ou nem isso.

Fatores endógenos e exógenos concorreram para períodos ruins e outros nem tanto, em termos de gestão pública. Porém nada a merecer incenso sobre esse ou aquele governador. Comuns.

E depois?

Entre os nomes da equipe a ser formada por Rosalba, há gente que há mais de 30 anos faz parte de governos.

Sem dúvidas vão emprestar experiência, confiança e lealdade. Tudo isso pesa favoravelmente.

Mas de onde sairá o novo?

O que haverá de avançado, de modo a atender às necessidades basilares do cidadão comum?

Durante algum tempo será fácil sustentar o discurso do complexo da transferência de culpa, atribuindo à era Wilma-Iberê Ferreira (PSB) a responsabilidade por tudo de mal. E depois?

Passa da hora do Rio Grande do Norte deixar de ser um oásis para poucos, a expensas do sofrimento e abandono da maioria.

Temos dois RN´s.

Um é a Grande Natal, para inglês ver. Em cada R$ 10,00 do meio circulante que existe na economia potiguar, pelo menos cerca de R$ 7,64% estão nessa região. Todo o restente do estado fica com as migalhas.
Que a governadora e sua equipe consigam ir além. Diminuir essa distância entre os dois RN´s, modernizar a máquina pública e investir na melhoria do índice de desenvolvimento humano devem ser as prioridades.

Gente deve ser prioridade.

Minha torcida é para que o governo seja eficiente, ultrapasse os limites da desconfiança e possa responder às demandas sociais.

A partir de 1º de janeiro de 2011, Rosalba ou "a Rosa", como queira, será a governadora do Rio Grande do Norte. Se prometeu "fazer acontecer", terá em mãos o principal instrumento à materialização dessa aspiração: o poder para agir.

Boa sorte!

Marcadores: Política
Por Carlos Santos.

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